diário do passado:

... O meu cantinho

sexta-feira, novembro 23, 2007

Um dia

A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se á espreita

Nunca dei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto

De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto

Xutos & Pontapés

terça-feira, dezembro 05, 2006

Cinza

Coração esmagado e apertadinho, bem comprimido no peito, face à vida e ao mundo. Na face as lágrimas já não correm e parece que seria menos doloroso se corressem. As mãos tremem e a garganta parece que como um nó bem cego à passagem de ar ou saliva. O mundo parece tal como neste momento está lá fora, bem cinzento, bem tenebroso.

Os olhos fecham e uma só vontade surge, a de dormir intensa e longamente por muito tempo. Uma solidão ENORME. Acho que dormindo a paz será menor do que aquela que paira. Cheiro de morte, morte mental, morte da alma. Vontade de me transcender, de tornar o mundo menos doloroso do que é.

Nada se parece mexer, nada tem vida. Parece-me tudo tão negro, tão adormecido e apenas queria fazer alguma coisa para que tudo mudasse de vez, para poder sentir que existe algo de bom naquilo que perco, nas noites, nos dias, no sono e cabelos que se dissipam. Que existe equilibrio no mundo, nas amizades, nos ambientes.

Que tudo muda, se quiser muito.

Saudade da vitalidade, saudade de um amigo, de companhia, de energia, de vontade, de ti.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sonho com um mundo que não existe.

Na noite chuvosa de ontem, buscava uma sonolência postiça que me preenchesse os vazios da alma, que me atenuasse as batidas do coração, que me estremeciam o corpo. Depois de umas tentativas falhadas fazendo zapping, ouvindo musica ou lendo, entendi que a melhor musica que podia ter era aquela que vinha lá de fora, uma violência atroz.

Vivo numa expectativa constante de me sentir um pouco compensada com aquilo que faço, por vezes pergunto-me quando chegará a bonança, quando deixarei este patamar mediocre, de pessoas e actos mediocres.

Olho para as minhas convicções e nada têm a ver com aquela ambição cega com que me defronto a cada dia. Sonho em viver num mundo em que deixamos de ser narcisistas e egocêntricos. Em que a bonança toma como forma a ajuda gratuita, sem pretender receber nada em troca, pelo menos não meios materiais.

Sonho com um mundo que não existe. Com uma realidade que só nos meus sonhos e ilusões reside.

Tanta coisa que gostava de fazer mas que não faço. Estou contaminada pelo mundo material, por aquele que a cada momento me lembra que não tenho tempo, ou que preciso de algo que me permita ganhar algum dinheiro para construir a minha vida.

Sinto-me supérfula e superficial, convicta mas sem reacção.

terça-feira, novembro 07, 2006

Hoje estou um pouco revoltada ou aborrecida, não sei bem... Nunca sentiram que as pessoas dependem demasiado de vocês? Que parece que o tempo de descanso não rende porque se tem sempre alguém a bater-vos à porta, ou o telefone a tocar, ou alguém incrivelmente desesperado ou necessitado de algo que vocês podem dar?? Sim, parece que as ultimas 48horas têm sido assim e estou a passar-me completamente. Ainda n consegui começar a trabalhar porque habituei demasiado mal as pessoas a servi-las sempre. Apetece-me desligar o computador e o telefone e ficar assim por uma semana.

Portugal hoje parece-me sinónimo de caos, de indisciplina, de frieza. Hoje, que regressei há 2 dias da Holanda entendo como para além da familia pouco ou nada me prende. Hoje fico extremamente vazia ao entender que a minha realidade é uma família desordenada e descoordenada, obcecada por dinheiros e castradora de vontades. Entendo que amigos, mais uma vez na vida, são realmente muito poucos ou melhor, que correspondem a relações de extrema inconstancia, em que num verão os vejo e a partir daí todos ficam demasiado atolados nas suas questões quotidianas e existenciais, que desaparecem do mapa. Na realidade acho que sou demasiado independente neste aspecto para que o facto de ter o meu namorado fora não me torne demasiado fragil e necessitada de amizades e encontros animados. Se o fosse, de facto sentir-me-ia muito mal. Sorte a minha que não o sou... ;)

Sinto-me a mudar drásticamente, como que necessitasse apenas de ganhar o meu dinheiro para fazer o que bem entender. Mudar sem ter de me justificar a ninguém. Fazer loucuras, trivialidades ou imoralidades, com o meu dinheiro, com a minha vontade e a minha vida.

Sinto-me cansada de burocracias, de hierarquias e de não poder dar-me ao que quero.

Tou mortinha por sair de casa e ir para longe...

De garganta apertada, me despeço.

Beijos

domingo, outubro 01, 2006

Ai Saudade

É complicado lidar com a saudade, com a certeza de que se hoje a sinto, amanha ou para a semana a sentirei ainda mais. É complicado sentir que nada podemos fazer para que esta passe, a não ser atenuá-la, com milhares de outras coisas que funcionam nada mais nada menos como fugas àquilo que se sente, de forma tão constante.

Todas as manhãs acordo com a cabeça baralhada porque o meu subconsciente viajou demais de noite, fantasiou demais. Buscou-te demais.

Com muita vontade e muita esperança que o templo flua...



A ausência torna o coração mais amante.
(Sexto Aurélio Propércio - Poeta latino - 47/ 15 a.C)

quinta-feira, setembro 21, 2006

Sentimentos Divinos

Por entre montanhas e escarpas entendia como ver uma paisagem tão profunda quanto aquela podia tão intensamente alterar o meu estado de espírito e trazer-me uma paz interior tão forte quanto a inquietude que me consumia a alma naqueles dias de total despreendimento. Alterar cada cor que me pintava a alma. Olhava num silêncio incomodativo o céu, a terra e todos aqueles tons, quentes e frios de sensações e conseguia não pensar em nada como nem durante o sono consigo e o mundo fazia sentido, cada pincelada dos deuses e das forças não terrestres, cada gesto conjulgado entre as sinuosidades e os sopros múltiplos de vento. Era pleno e como se o meu corpo se desfragmentasse sobre o chão em terra e num efeito impressionista e fosse tudo um só corpo, um só conjunto, eu e todo aquele mundo que olhava e absorvia e que me absorvia também, da mesma forma e do mesmo modo.

Se fosse mais crente ou talvez mais dramática diria que ali senti a presença de Deus, claramente. Talvez Ele se tenha esmerado ao criar Trás-os-Montes para que ao passar por lá pudessemos sentir que talvez ele exista...



EN 213 Chaves- Mirandela

segunda-feira, agosto 28, 2006


Encontros e desencontros. Lagrimas e sorrisos. Imensas gargalhadas. Q.b. de compreensão, carinho. Quantidades industriais de amor.

O amor... comanda-nos tanto, faz-nos grandes na alma e insaciáveis de corpo. Torna-nos puros e autênticos, sob um embalar doce, como um palpitar no peito impulsionador de vida e de sentido.

No peito existe tanta paz, após tantos anos de tudo o que constitui aquilo a que a palavra amor se refere. Tanta serenidade que a dor não doi mais, ou se atenuou na certeza da volta e na vontade de prosseguir. A par disto trago um orgulho estampado no rosto, entendendo que a vida me fez crescer tanto e que finalmente transformou a menina frágil que era, meio camuflada pela necessidade de ser alguém, numa mulher verdadeira, de pés bem presos no chão e que isto transformou todo o sentido da minha vida e do meu mundo.

Hoje sinto que não estás cá e que portanto não me posso sentir completa, mas sinto-me feliz. Plena de vida e de garra, com tanta satisfação que o peito dói menos e os meus olhos não choram.

Amo-te.