... O meu cantinho

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sonho com um mundo que não existe.

Na noite chuvosa de ontem, buscava uma sonolência postiça que me preenchesse os vazios da alma, que me atenuasse as batidas do coração, que me estremeciam o corpo. Depois de umas tentativas falhadas fazendo zapping, ouvindo musica ou lendo, entendi que a melhor musica que podia ter era aquela que vinha lá de fora, uma violência atroz.

Vivo numa expectativa constante de me sentir um pouco compensada com aquilo que faço, por vezes pergunto-me quando chegará a bonança, quando deixarei este patamar mediocre, de pessoas e actos mediocres.

Olho para as minhas convicções e nada têm a ver com aquela ambição cega com que me defronto a cada dia. Sonho em viver num mundo em que deixamos de ser narcisistas e egocêntricos. Em que a bonança toma como forma a ajuda gratuita, sem pretender receber nada em troca, pelo menos não meios materiais.

Sonho com um mundo que não existe. Com uma realidade que só nos meus sonhos e ilusões reside.

Tanta coisa que gostava de fazer mas que não faço. Estou contaminada pelo mundo material, por aquele que a cada momento me lembra que não tenho tempo, ou que preciso de algo que me permita ganhar algum dinheiro para construir a minha vida.

Sinto-me supérfula e superficial, convicta mas sem reacção.

terça-feira, novembro 07, 2006

Hoje estou um pouco revoltada ou aborrecida, não sei bem... Nunca sentiram que as pessoas dependem demasiado de vocês? Que parece que o tempo de descanso não rende porque se tem sempre alguém a bater-vos à porta, ou o telefone a tocar, ou alguém incrivelmente desesperado ou necessitado de algo que vocês podem dar?? Sim, parece que as ultimas 48horas têm sido assim e estou a passar-me completamente. Ainda n consegui começar a trabalhar porque habituei demasiado mal as pessoas a servi-las sempre. Apetece-me desligar o computador e o telefone e ficar assim por uma semana.

Portugal hoje parece-me sinónimo de caos, de indisciplina, de frieza. Hoje, que regressei há 2 dias da Holanda entendo como para além da familia pouco ou nada me prende. Hoje fico extremamente vazia ao entender que a minha realidade é uma família desordenada e descoordenada, obcecada por dinheiros e castradora de vontades. Entendo que amigos, mais uma vez na vida, são realmente muito poucos ou melhor, que correspondem a relações de extrema inconstancia, em que num verão os vejo e a partir daí todos ficam demasiado atolados nas suas questões quotidianas e existenciais, que desaparecem do mapa. Na realidade acho que sou demasiado independente neste aspecto para que o facto de ter o meu namorado fora não me torne demasiado fragil e necessitada de amizades e encontros animados. Se o fosse, de facto sentir-me-ia muito mal. Sorte a minha que não o sou... ;)

Sinto-me a mudar drásticamente, como que necessitasse apenas de ganhar o meu dinheiro para fazer o que bem entender. Mudar sem ter de me justificar a ninguém. Fazer loucuras, trivialidades ou imoralidades, com o meu dinheiro, com a minha vontade e a minha vida.

Sinto-me cansada de burocracias, de hierarquias e de não poder dar-me ao que quero.

Tou mortinha por sair de casa e ir para longe...

De garganta apertada, me despeço.

Beijos